Quem não se divertiu com a apresentação do Twisted Sister em São Paulo na noite deste sábado (14), no Via Funchal, deveria desistir de freqüentar shows de rock. Nem o calor infernal impediu que os quase seis mil presentes fizessem jus às letras de clássicos da banda como “We’re Not Gonna Take it”, “You Can’t Stop Rock and Roll” e “I Wanna Rock”, cantando junto e participando do início ao fim.
Com energia impressionante, bom humor e carisma, a banda norte-americana de heavy metal chegou ao final de sua apresentação de uma hora e meia jurando que havia tido a melhor resposta do público desde que começaram a tocar. Com a formação dos primeiros álbuns intacta, Dee Snider (vocal), Jay Jay French (guitarra), Eddie Ojeda (guitarra), Mark Mendoza (baixo) e A.J. Pero (bateria) desfilaram sucessos de toda a carreira durante uma hora e meia, se concentrando particularmente no álbum “Stay Hungry”, que completa 25 anos.
Antes disso, começou às 21h o show de abertura do Massacration, uma amostra do que viria a seguir. Se, em outros tempos e lugares, o público metaleiro não toleraria piadas com seu gênero favorito e certamente escorraçaria a banda-paródia de cima do palco, os fãs do Twisted Sister souberam entrar na brincadeira, engrossando o coro de hits como “Metal is The Law”.
Ao final da apresentação, o vocalista do Massacration, Detonator, explicou que a banda deveria fechar a noite, mas teve que sair mais cedo por ter outro show no Japão, mas pediu que os fãs permanecessem no local para o Twisted Sister, afinal “esses garotos ainda estão começando mas têm qualidade”. Já com a casa cheia, Dee Snider e sua trupe adentraram o palco às 22h30 com “What You Don’t Know (Sure Can Hurt You)”, do álbum de estréia “Under The Blade” (1982), para delírio dos fãs, que responderam com o entusiasmo de quem esperou mais de 25 anos por este momento. Como falar sobre o visual espalhafatoso do vocalista chega a ser uma redundância, nos concentremos no show em si.
A partir da segunda música, “The Kids Are Back”, a platéia já havia percebido que o show do Twisted Sister de 2009 é pelo menos tão bom quanto o de 1984. Com som perfeito, os integrantes pulavam e corriam o tempo todo, sem perder a precisão e, o melhor de todo, com cara de quem estava se divertindo.
A partir daí, a energia positiva contaminou o Via Funchal com uma intensidade vista poucas vezes por este repórter. Era impossível não se contagiar com o clima de festa. Cantando todas as músicas, levantando os punhos e batendo cabeça, o público alimentava a banda que, em troca, devolvia o entusiasmo em cima do palco. Se ver shows do Twisted Sister fosse um direito do cidadão, as vendas de antidepressivos diminuiriam consideravelmente.
Esta troca de energias culminou na sexta música, o hino “We’re Not Gonna Take it”. Um dos grandes clássicos da história do heavy metal, certamente a faixa mais conhecida do grupo e com um dos refrões mais grudentos do rock and roll, a música, com sua letra denunciando a opressão, gerou um coral visto poucas vezes fora de manifestações de massa, obrigando a banda a tocar o refrão mais uma vez após o que deveria ter sido o final.
Algo semelhante acontecem em “I Wanna Rock”, cujos backing vocals eram berrados pelos seis mil fãs como se a existência terrena deles dependesse disso. O volume era tão alto que os dois guitarristas foram buscar suas câmeras de vídeo para registrar o momento de cima do palco.
Outro momento envolvendo câmeras e integrantes emocionados ocorreu quando Jay Jay French pediu que a platéia cantasse parabéns para sua filha, que completava 16 anos naquela noite. Foi prontamente atendido e registrou o momento para a posteridade. Antes dos bis, o guitarrista também jurou “por deus”, que aquela havia sido a melhor resposta de público em qualquer show da banda nos mais de trinta anos de carreira do Twisted Sister.
Após “I Wanna Rock”, o grupo tentou ir embora, mas foi obrigado a voltar para o bis duas vezes, encerrando de verdade pouco depois da meia-noite, com “SMF”, apos Dee Snider prometer que voltariam em breve “de preferência no inverno”.
Se a próxima visita tiver um terço da animação da primeira, já valerá mais do que o preço do ingresso.
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Resenha: PEDRO CARVALHO para o UOL
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