Na última segunda-feira, 09 de Julho, os integrantes do Queensryche (Michael Wilton, Eddie Jackson e Scott Rockenfield) entraram com um recurso para anular o pedido de Geoff Tate de impedi-los de usar o nome Queensryche. O recurso contém detalhes escabrosos sobre as circunstâncias que levaram à separação da banda.
Confira um resumo das 14 (!) páginas de declaração do guitarrista Michael Wilton:
“ Foi durante o processo de composição para “Promised Land” que as tensões começaram a aparecer. A idéia de tocarmos como um grupo equilibrado havia desaparecido. Foi nessa época que Geoff começou a deixar bem claro que estava insatisfeito conosco como companheiros de banda e que ele não queria mais cantar Hard Rock/Heavy Metal. Ele também deixou bem claro que esse podia ser seu último álbum com a banda.
Durante a turnê, Geoff ficou cada vez mais distante de nós. Ele estava passando por uma fase difícil na vida pessoal devido ao seu divórcio. Todos entenderam e lhe deram todo o espaço e criatividade que ele precisava. Sentíamos que essa podia ser nossa última turnê.
Depois da turnê, após muitas conversas, decidimos seguir em frente e fazer outro álbum. Geoff Tate havia feito uma mudança em sua vida pessoal e resolvera não deixar mais a banda.
Durante a gravação de “Hear Now In The New Frontier” a relação pessoal mudou. Por causa do divórcio entre Geoff e Suzanne Tate, os integrantes da banda foram intimados e se viam agora no meio de uma luta pessoal, o que acabou causando muito ressentimento entre os integrantes. Foi nessa época que os problemas relacionados ao dinheiro de royalties se tornaram uma grande questão. Agora, a exigência para compor no Queensryche iria erodir amizades. A própria dinâmica da banda mudou.
No final da turnê de “Hear In The New Frontier” Chris DeGarmo deixou a banda. Apesar de talvez a química de composição entre Chris e Geoff realmente ter chegado ao fim, foram as atitudes pessoas de Geoff com relação a Chris que acabaram com o relacionamento.
Todos nós trabalhamos duro no álbum seguinte “Q2K” ao lado de Ray Daniels como manager. Uma grande turnê e decisões corretas de management impulsionaram o álbum a vender 150.000 cópias, um bom começo sem um compositor essencial. Porém, Geoff e Susan (sua nova esposa) não confiaram em Ray para ser o manager e chamaram Lars Sorensen para ser o nosso manager. Houve ressentimento imediato do restante da banda sobre a demissão de Daniels. Não foi uma decisão unânime. Mas foi um dos muitos “é isso ou estou fora” ultimatos de Geoff.
Chris DeGarmo voltou para a gravação de “Tribe”. Mas constantes desavenças criativas com Geoff fizeram sair da banda novamente não sair em turnê.
Em 2005 as coisas piorara. Geoff queria demitir Lars e deixar apenas sua esposa para ser manager da banda. Houve uma enorme resistência por parte da banda em aceitar isso. Mas, mais uma vez, Geoff ameaçou sair da banda. O sentimento de sermos reféns dessa atitude de Geoff começou a ficar cada vez maior.
Foi Susan Tate que veio com a idéia da gravação de “Operation: Mindcrime II”. A banda hesitou, não queria diminuir o original. Mas Susan e Geoff contrataram um produtor e controlaram todo o projeto sem a participação de mais ninguém. A principal forma de manipularmos era como eles lidavam com os adiantamentos. Comigo, Scott e Eddie sem darmos opinião, o projeto não decolou.
Depois dessa tour, eu recebi um telefonema de nosso guitarrista Mike Stone, dizendo que havia sido demitido da banda. Eu nem sabia que isso estava sendo considerado. Liguei para Geoff e Susan imediatamente e pedi uma reunião. Mike seria substituído pelo namorado de Miranda Tate (filha de Geoff), Parker Lundgren. Eles disseram que Mike estava fazendo muitas exigências e poderíamos contratar Parker baratinho. Nós ganharíamos dinheiro com isso.
O álbum seguinte seria conceitual sobre nossas forças militares. Mais uma vez, uma grande idéia que não foi dividida. Tínhamos tantas músicas nessa época que ficávamos impressionados de Geoff não trabalhar nossas idéias. Ele assumiu o papel de única voz e rosto do Queensryche, além de ser o homem de A&R também. Só ele escolhe com quem escreve as letras. Obviamente, isso não era mais uma equipe. Eles nos manipulavam através do dinheiro, sabendo que temos famílias e hipotecas.
Mais uma vez, fizemos uma longa turnê. E estava ficando claro que a maioria dos fãs estavam constantemente gritando pelas velhas músicas. Houve muitas discussões sobre o set-list, mas Geoff sempre conseguia o que queria. Queríamos tocar as músicas antigas, mas Geoff não queria cantá-las e se recusava a fazer isso. Ele nos dizia qual ele cantaria e nós escolhíamos a partir da lista.
Assim, em 2012, as animosidades começaram de verdade. Devido a problemas de comunicação, do management manter o foco apenas em Geoff e em sua banda solo e de termos ficado sabendo que Geoff vendeu os direitos para um filme de “Operation: Mindcrime” sem consultar a banda e ainda ficou com todos os direitos para si, decidimos que mudaríamos de management.
Marcamos uma reunião, a qual Geoff não foi porque não quis já que sabia o que estava sendo discutido. Votamos e gravamos a votação e a reunião, e mandamos as minutas para Geoff e Susan. No dia seguinte, pegamos o avião para o Brasil.
No dia de nosso show no Brasil, Geoff Tate exigiu uma reunião antes da apresentação. Nós decidimos que seria melhor gravar a reunião. Discutimos sobre a decisão de despedir Susan Tate e sobre a venda dos direitos de “Operation: Mindcrime”. Após ouvir nossos argumentos, ele disse que não tinha mais nada a dizer, foi até a porta e nos desejou um bom show. A reunião foi curta. Eu não o vi mais até nos encontrarmos no elevador do hotel para irmos para o show. Não nos falamos. Geoff decidiu ficar no bar e ir para o local do show mais atrde, aonde chegou acompanhado so nosso tour manager.
Quando estava arrumando as minhas coisas, ouvi um barulho alto e alguns gemidos. Quando olhei, Geoff havia dado um murro em Scott Rockenfield que fez cair em cima de sua bateria e agora Geoff cuspia nele enquanto estava no chão. Eu fui ajudar Scott, Geoff me chamou, me desejou um bom show, cuspiu na minha cara e me chamou de f.d.p. Enquanto eu limpava minha cara com uma toalha, ele continuou a me xingar e num momento de distração, me deu um murro no lado da cara. O soco acertou meu olho direito, no qual eu uso lente de contato e a lente saiu do lugar. Eu tentava colocar a lente para enxergar e ele continuava me dando peitadas, dizendo que eu era uma bichinha. Scott veio me ajudar e Geoff tentou dar outro soco em mim. Eu me abaixei e o soco acertou Scott direto na boca. Scott mandou ele sair e Geoff deu outro murro em sua cara. Nesse momento, nosso tour manager, Fozzy O’Hare o puxou para o outro lado. Eu tive que pegar uma toalha para limpar todo o cuspe que estava nas minhas guitarras. Geoff continuava a xingar a banda e a cuspir em nossos instrumentos. Nesse momento, não sabíamos se ainda faríamos o show ou se cancelaríamos devido às atitudes e violência de Geoff Tate. Fozzy disse que Geoff se acalmara e que faria o show, mas mesmo assim seguranças foram colocados atrás de Scott Rockenfield e de olho em Geoff Tate, caso ele tentasse agredir os integrantes ou cuspir em seus equipamentos novamente.
Geoff atrasou o show em vinte minutos a apresentação e ficou tentando arrumar uma situação em que o show fosse cancelado. O resto da banda continuou comprometido com a apresentação, apesar de Geoff ter cuspido em Scott e jogado água em meu equipamento durante todo show, tentando causar problemas não só no nosso equipamento, mas também em nossa performance.
Quando o show acabou, Fozzy me pegou e mandou ir direto para a van, já que tinham medo que Geoff tentasse mais alguma coisa. A promotora do show estava chocada e decepcionada com o que viu e nos prometeu seguranças até o final da noite, além de garantir que Geoff voltasse em um outro vôo. Ela também nos agradeceu por termos continuado o show e termos sido profissionais sob tais circunstâncias.
Nosso próximo show era no dia 12 de Maio. Mesmo com o acontecido em São Paulo, eu, Eddie Jackson e Scott Rockenfield decidimos que honraríamos o compromisso que sabíamos seria o último com os contratos vigentes e para ver se trabalhar com Geoff Tate seria uma possibilidade a longo prazo. Logo vimos que isso era impossível, já que Geoff voltou a fazer ameaças a nós.
Os fãs começaram a comentar sobre o comportamento de Geoff e a mídia ficou sabendo sobre seu ataque no Brasil. Agora, se falava do Queensryche em muitos locais, mas sobre essas atitudes embaraçosas em vez de música ou turnês.
O último show seria em Oklahoma (EUA) em um festival apenas de Hard Rock e Heavy Metal que estava sendo televisionado. Nossos temores mais uma vez se confirmaram quando Geoff teve a coragem de xingar a banda e o público em um show televisado. As vaias começaram e as atitudes de Geoff foram mais uma vez comentadas pela mídia. Outro exemplo de como o nome do Queensryche estava sendo manchado.
Depois desse show, Eddie Jackson, Scott Rockenfield e eu decidimos que não dava mais para continuar e pedimos aos nossos advogados que comunicassem a Geoff nossa intenção de seguir sem ele e para verificarem a melhor maneira de se fazer isso.
Devido a empolgação com os shows do Rising West, os fãs começaram a postar na página do Queensryche no Facebook, perguntando informações sobre os shows. Nós não podíamos postar nada, já que as senhas de acesso estavam todas de posse de Miranda Tate e ela não nos forneceu. Quando Scott conseguiu falar com ela, recebeu a senha e colocou as informações, elas foram imediatamente deletadas. Qualquer coisa contra Geoff Tate e a favor do Rising West era sumariamente deletada. Para encurtar a conversa, Miranda e Susan Tate seqüestraram a página do Queennsryche no Facebook.
Nesse momento eu postei em minha página pessoal no Facebook, que estávamos tendo o acesso negado no Facebook e no site do Queensryche e pedi que os fãs passassem as informações sobre o Rising West em suas páginas particulares. Isso teve grande repercussão e os fãs foram à loucura.
No meio de Junho, eu, Scott e Eddie fomos até Los Angeles para uma reunião com a Frotline/AGPS Management. Eles são a maior e mais poderosa empresa de management na indústria. Nós concordamos em que eles fossem nossos empresários, booking agents, assessores e tudo mais. Formamos um time de primeira e anunciamos a nova formação através da Billboard.com com uma recepção enorme. Em uma semana, marcamos 3 shows totalizando 72.000 dólares parao novo Queensryche e temos muito mais engatilhados. E isso é apenas o início, com muitos shows a serem marcados no outono (no hemisfério Norte), a gravação de um novo álbum e um grande impulso em 2013. Tudo isso está sendo preparado.
De nossos três últimos álbuns, cada um vendeu a metade do que veio antes dele.
Aqui vai um resumo do que era o Queensryche sob o comando de Geoff Tate:
Quando começávamos o processo de composição de um álbum e também durante a produção dele, nos diziam que o álbum seria de um modo quando no final ele acabava de outro, sob a direção de Geoff Tate. Quando tudo estava pronto para mandar para a gravadora, nos diziam que devíamos assinar um contrato e concordar com o álbum, senão não receberíamos o dinheiro da gravadora. Se nós disséssemos que não estávamos felizes, nos diziam que não receberíamos o dinheiro que era para o sustento da banda e de nossas famílias e que não havia tempo ou dinheiro para regravarmos. Nossas mãos estavam amarradas.
Tínhamos que assinar não só porque senão não veríamos o dinheiro que sustentava nossas famílias, mas porque púnhamos em risco as famílias de nossos companheiros de banda. Se eu escolhesse não assinar, eu levaria meus companheiros de banda comigo. Há inclusive uma cláusula no último contrato para “Dedicated To Chaos” que se um integrante sair da banda nos primeiros seis meses, o contrato inteiro era anulado.
Assim, se de alguma forma, Geoff Tate é banda que ele alega ser, é só nos últimos anos: a banda de queda vertiginosa nas vendas, a banda que perdeu fãs, de um som e estilo que tem pouco ou nada a ver com os trabalhos que nos deram notoriedade. Eu, Eddie e Scott, 75% dos membros fundadores da banda fomos tratados como meros músicos de estúdio. Após tentarmos seguir em frente e manter nossa banda de qualquer forma, a agressão foi a gota d’água. Não tivemos escolha senão ir em frente, não apenas por nós, pela banda e mais do que tudo, pelos fãs.
Nós sempre respeitamos o nome e a marca Queensryche. Nós queremos reconstruir o nome para termos respeito de nossos fãs e colegas.
O Queensryche e Geoff Tate podem co-existir. Só Geoff Tate não aceita isso. E isso é o que é melhor para a banda e para os fãs.”
11 de jul. de 2012
TRETAS Edição Especial \\ Queensrÿche: detalhes escabrosos que culminaram com o final da banda
Marcadores: QUEENSRYCHE, TRETAS
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