Por Otávio Augusto Juliano
As notícias vindas dos shows anteriores realizados no Brasil davam conta de que haveria atrasos dos mais cansativos, principalmente por parte de Axl Rose, já famoso por deixar a platéia esperando por horas.
Mas SEBASTIAN não quis saber de fazer a platéia esperar e com apenas 20 minutos de atraso em relação ao horário marcado no ingresso (21:30h), o vocalista e sua banda subiram ao palco e começaram a empolgar os quase 40 mil presentes. Com uma enorme bandeira que reproduzia a capa de seu último disco, o pesado “Angel Down”, SEBASTIAN não deixou barato e iniciou seu show “ligado no 220v”, agitando desde o primeiro segundo.
Com a gritada e intensa “Slave To The Grind”, seguida de “Back In The Saddle”, cover do Aerosmith, em poucos minutos o vocalista “ganhou” o público e ficava bastante claro que seria uma ótima prévia para a apresentação do GUNS N’ ROSES que viria em seguida.
A atual banda de SEBASTIAN mostrou muita competência, empolgando com clássicos do Skid Row, como “Big Guns”, “Piece Of Me” e a balada “18 And Life”, em meio a músicas de seu mais recente disco, como “American Metalhead” (que SEBASTIAN brincou e anunciou como “Brazilian Metalhead”) e “Stabbin’ Daggers”.
SEBASTIAN continua sendo um ótimo “frontman” e se mantém com muita energia durante todo o show, mesmo tendo se irritado em diversas oportunidades com o som e o fio de seu microfone, que o atrapalharam bastante, principalmente nas últimas músicas tocadas.
Além de enérgico, o vocalista propiciou momentos de pura declaração de amor ao Brasil, dizendo muitas vezes que amava o país, e momentos engraçados, como quando apareceu com uma camiseta amarela que trazia a inscrição “Tião” em vermelho, para cantar “Monkey Business”, em clara referência à tradução do seu nome para o português (“Sebastião”).
Em quase 1:30h de show, SEBASTIAN conseguiu fazer exatamente o que se espera de uma banda de abertura: servir de aperitivo para a atração principal e aquecer o público. Aqueceu e muito a platéia, apresentando um set list maior do que nos shows anteriores de Brasília e Belo Horizonte, inclusive com a execução de uma música inédita, tocada na parte final, juntamente com a balada “I Remember You”, “(Love Is) A Bitchslap” e o sucesso “Youth Gone Wild”.
Show de abertura encerrado, começou a correria para preparar o palco para a atração mais esperada da noite, o GUNS N’ ROSES. Todo o trabalho dos técnicos e roadies no palco já deixava claro que seria um show de grandes proporções, a julgar pela estrutura que estava sendo montada.
E isso começou a se confirmar já no início da apresentação do GUNS N’ ROSES, por volta de 0h40, após quase uma hora e meia de espera. Ao som de “Chinese Democracy”, faixa-título do mais recente álbum da banda, Axl e cia. entraram em cena, para empolgação geral.
Tudo parecia bem e o show muito esperado por todos enfim havia começado, até que a execução da primeira música foi interrompida com sonoros gritos de “Stop!” por parte de Axl. Algum fã que não deveria sequer ter saído de casa arremessou um copo d’água no vocalista, o que gerou a sua imediata reação de parar o show. Conhecido por interromper apresentações da banda quando essas atitudes de fãs ocorrem, Axl, não sem razão, chamou o sujeito (alguém com essa atitude não pode ser chamado de fã) de covarde e ameaçou se retirar do palco.
Mas para a tranqüilidade geral isso não ocorreu e a apresentação seguiu normalmente, com uma trinca de clássicos de um dos melhores (senão o melhor) álbum de Hard Rock de todos os tempos: “Welcome To The Jungle”, “It’s So Easy” e “Mr. Brownstone”, que fazem parte do disco “Appetite For Destruction”.
A essa altura, o fato que poderia ter acabado com o show logo nos primeiros minutos já estava esquecido e, ao contrário de copos d’ água, os fãs (agora sim, verdadeiros fãs) passaram somente a arremessar objetos que foram sendo recolhidos e guardados por Axl: bandeiras, faixas, camisetas, bichos de pelúcia e até um soutien de uma fã mais exaltada.
O som do microfone de Axl nesse início estava bastante alto em relação aos demais instrumentos, o que permitia aos presentes ouvir com perfeição sua inconfundível voz.
Visivelmente a empolgação geral só caía mesmo quando canções do questionado “Chinese Democracy” eram tocadas, como “Sorry” e “Better”. Nessas ocasiões, embora fosse nítido que parte do público não acompanhava o vocalista nas letras, ao menos a atenção da platéia se mantinha intacta, afinal luzes e explosões abrilhantaram a apresentação e mantiveram os olhos dos presentes fixos no palco. Algumas músicas tiveram esses recursos reforçados, como durante a execução de “Live And Let Die”, cover de PAUL McCARTNEY, carregada em explosões e chamas no palco e de “You Could Be Mine”, na qual o telão central trouxe imagens de corridas de carros de Formula 1.
Mas como não se faz um show só de aparatos visuais, mas sim de músicas de qualidade e acima de tudo músicos competentes, a inflada formação atual do GUNS N’ ROSES – são três guitarristas e dois tecladistas, num total de oito integrantes – não deixou nem um pouco a desejar. Músicos com muita presença de palco e que tiverem seus momentos individuais de destaque, com solos que mereceram aplausos calorosos do público.
A cada três ou quatro canções, um dos músicos tomava a frente do palco para executar seu solo e em seguida introduzir os primeiros acordes da música a ser executada na seqüência pela banda. Assim vieram “Sweet Child O’ Mine”, precedida por um solo do ótimo DJ Ashba e “November Rain”, precedida pelo já tradicional solo de piano de Axl, músicas imortalizadas para sempre.
Ao todo foram 2 horas de apresentação, seguida de um bis de quase 40 minutos, que trouxe as novas “Madagascar”, “Shackler's Revenge” e “This I Love”, até o fechamento com a pedida “Patience”, que embalou os muitos casais presentes, e “Paradise City”, cantada em uníssono e executada em meio a fogos, luzes coloridas e explosões.
Destaque ainda para a simpatia de Axl durante o show. Figura conhecida por sua personalidade difícil e arisca, Axl, ao menos nessa noite em São Paulo, mostrou-se bastante feliz e não cansou de sorrir, divertindo-se com a reação do público em muitos momentos, como quando pediu para que todos os presentes gritassem diversas vezes a frase “Fuck You, Axl Rose”.
A banda atual formada por Axl deu conta do recado e conseguiu empolgar os fãs presentes, provando que o GUNS N’ ROSES sobrevive, gostem ou não os mais saudosistas de Slash, Duff, Izzy e Steven.
Infelizmente essa formação clássica ficou pra trás e muito provavelmente não voltará. Cada músico segue seu projeto pessoal e há nítidos problemas de relacionamento entre Axl e os demais. Mas certamente os presentes ao espetáculo deste sábado no Palestra Itália curtiram a apresentação de Axl e seus atuais contratados, sem se lamentar da ausência de quem quer que seja.
Enfim, se Axl não pôde ou não quis comparecer ao show (nada) secreto que estava prometido para o último dia 11/03, no sábado ele esteve presente no Estádio Palestra Itália e não decepcionou. Pelo contrário: foi mais uma noite histórica de Hard Rock em São Paulo, com todos satisfeitos – público, músicos e um simpático Axl Rose.
Set List SEBASTIAN BACH
“Slave To The Grind”
“Back In The Saddle”
“Big Guns”
“Here I Am”
“Stuck Inside”
“Piece Of Me”
“18 And Life”
“American Metalhead”
“Stabbin’ Daggers”
“In A Darkened Room”
“Monkey Business”
“By Your Side”
“You Don’t Understand”
“I Remember You”
(Música nova)
“(Love is) A Bitchslap”
“Youth Gone Wild”
Banda:
Sebastian Bach - Vocal
Nick Sterling - Guitarra
Johnny Chromatic - Guitarra
Rob de Luca - Baixo
Bobby Jarzombek - Bateria
Set List GUNS N’ ROSES
“Chinese Democracy”
“Welcome To The Jungle”
“It's So Easy”
“Mr. Brownstone”
“Sorry”
“Better”
Solo Richard Fortus
“Live And Let Die”
“If the World”
“Rocket Queen”
Solo Dizzy Reed
“Street Of Dreams”
“I.R.S.”
Solo DJ Ashba
“Sweet Child O' Mine”
“You Could Be Mine”
Solo Axl Rose
“November Rain”
Solo Ron Thal
“Knockin' On Heaven's Door”
“Nightrain”
BIS
“Madagascar”
“Shackler's Revenge”
“This I Love”
“Patience”
“Paradise City”
Banda:
Axl Rose - Vocal, piano
Richard Fortus - Guitarra
Ron "Bumblefoot" Thal - Guitarra
DJ Ashba - Guitarra
Tommy Stinson - Baixo
Frank Ferrer - Bateria
Dizzy Reed - Teclados, piano e percussão
Chris Pitman - Teclados
15 de mar. de 2010
GUNS no Brasil \\ Agora sim, uma resenha sobre o show de Sampa, escrita por um fã
Marcadores: GUNS N' ROSES
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