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"Satan laughs as you eternally rot!"

23 de nov. de 2010

Planeta Terra \\ A melhor resenha sobre o festival


Por André Barcinski

Uma das vantagens da experiência é saber que, certas vezes, dá pra abrir mão do couvert e das entradas e se contentar com o prato principal.

Seguindo essa lógica, cheguei ao Planeta Terra às 11 da noite, para ver o Pavement. Não tenho mais perna e nem paciência para ficar andando como um camelo por um festival. Fui pro filé.

Acabei chegando no fim do set do Phoenix. Não deu pra ver grande coisa. Falei com umas cinco pessoas e todas adoraram, pela mesma razão: “Meu, foi muito louco, o vocalista se jogou na platéia!”. Ninguém falou da música. Será que isso basta? Se o Bruno e Marrone mergulharem de cabeça no público, o show terá sido um sucesso? Curioso.

Onze da noite. Assim que o Pavement subiu no palco, me veio um flashback de um episódio de Beavis & Butthead sobre bandas universitárias.

Minha memória tem lacunas justificáveis, então peço ajuda aos leitores de neurônios mais inteiros: não consigo lembrar exatamente que banda Beavis estava sacaneando. Podia ser até o Pavement, embora eu tenha uma ligeira lembrança do Ween. Quem lembrar, por favor, avise.

A história era mais ou menos assim: Beavis e Butthead viam uma banda tipo Pavement, com nerds indies de camisa xadrez em algum videocilpe engraçadinho. A banda iniciava uma cançãozinha meio frouxa, e a dupla começava a reclamar:

- Vai, toca rock! Rock, por favor! Faça barulho!

- Beavis, eles não gostam de rock. São universitários. Universitários não gostam de rock!(Em inglês fica bem melhor: “college bands don’t rock!”).

- A universidade é um saco!

Tenho a mesma impressão do Pavement. Até curto alguns discos, acho o humor ácido do Malkmus bacana, embora sua esperteza e tiradas de duplo sentido me irritem às vezes. Mas, em cima de um palco, não dá. Já vi filas de banco mais animadas.

Saí no meio e fui pro palco secundário ver o tal do Empire of the Sun.

Sério, foi uma das coisas mais constrangedoras que já vi em toda minha vida. Parecia o corpo de baile da boate Nostromondo. Lembra daquele balé de abertura do Fantástico com a Isadora Ribeiro? Agora imagine o mesmo balé, sem a Isadora Ribeiro e com vários go go boys no lugar. Nunca vi nada tão brega.

De lá, voltamos ao palco principal para ver o Smashing Pumpkins. E tenho de dizer que, contrariando a opinião de TODOS meus amigos, curti muito o show.

Gostei de ver que Billy Corgan não apelou só pra nostalgia, como o Pavement. A banda tocou várias músicas novas. Eu não ouvia uma música nova do Smashing Pumpkins desde 1998 e fiquei impressionado com o novo repertório.

O SP versão 2010 é uma banda cover, igualzinha ao Guns’n’Roses do Axl. Mas que banda cover: o baterista Mike Byrne tem 20 anos, é sósia do vilão do Karate Kid (com direito até a bandana na cabeça), mas espanca a coitada da bateria com tanta fúria que fiquei cansado só de olhar pro moleque.

Billy Corgan é tão cara-de-pau que botou outra menina bonitona no baixo e um cara que parece o James Iha na guitarra.

Achei o show pesado, barulhento e até emocionante. Ri muito com os exageros zeppelinianos de Corgan. Fazer um cover de Moby Dick e tocar Star Spangled Banner imitando Hendrix? É preciso, de fato, uma senhora cara-de-pau. Mas depois de ver 15 minutos da modernidade do Empire of the Sun, tudo que eu queria era ouvir um solo de bateria bem velho e datado. Salvou minha noite.




Comentários: Juro pela minha amada coleção de CD's que também fiz a mesma brincadeira sobre 'Beavis and Butthead', não somente na hora do show do Pavement, mas durante todo o festival.
Achei este evento uma verdadeira Parada Gay, nada contra a opção sexual de cada um, mas quando você vai a um festival de rock, a única coisa que você realmente quer ver é rock e isso infelizmente só foi acontecer no final com os Smashing Pumpkins, esta apresentação sim, gostei do início ao fim.
Talvez eu tenha gostado até demais. Também, depois de ficar o dia inteiro esperando por rock, quando Billy entrou com seus acordes pesados e distorcidos, foi a minha redenção.
O grand finale com 'Heavy Metal Machine' casado com o solo de 'Love Gun' do Kiss compensou todo o sofrimento de 12 horas de música "moderna", que fui obrigado a suportar durante todo o longo dia.

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