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"Satan laughs as you eternally rot!"

23 de jun. de 2010

Resenha\\ Big Four: Sonisphere Festival - Sofia/Bulgaria


Por Felipe Almeida

Sofia, Bulgária. Palco do segundo show da 'The Big Four Tour', o encontro que pode ser considerado como marco na história do heavy metal moderno. As quatro maiores bandas de metal do mundo dividem o mesmo palco, o mesmo local, a mesma cidade!

O que parecia inacreditável até pouco tempo atrás, se tornou real. Anthrax, Slayer, Megadeth e Metallica juntos para delírio e emoção absoluta dos incrédulos e ardorosos fãs do metal pesado.

Graças às maravilhas da tecnologia moderna, milhões de pessoas ao redor do mundo puderam assistir no cinema uma transmissão (quase) ao vivo do festival Sonisphere, responsável pela união do 'The Big Four'.

Além da ansiedade pelas bandas, pelo espetáculo, pela produção, pela relação de amor e ódio que Dave Mustaine tem com os caras do Metallica, pelo fiasco em potencial em se tratando de quatro bandas muito bem sucedidas e que tem um histórico de rusgas nos mais de 25 anos de carreira de todas elas, os fãs do mundo inteiro certamente se perguntavam: Mas como será assistir a tudo isso, a essa epopéia sonora dentro do cinema comendo pipoca e tomando guaraná? Bom, foi uma experiência inusitada.

Em São Paulo, mais precisamente no Cinemark Eldorado, este repórter foi conferir os quatro grandes do metal mundial, pelo telão e sentado!

Pouco antes do show dos Nova-Yorkinos do Anthrax, Scott Ian, Dave Mustaine, Kerry King e Lars Ulrich concedem uma entrevista um pouco apreensivos, pois sabiam da responsabilidade que era fazer a apresentação funcionar para os quase 100 mil fãs presentes no festival e para milhões de pessoas que assistiam pelas mais de 800 salas de cinema ao redor do mundo.

Ian e sua trupe iniciam o que seria uma noite mágica e inesquecível para todos os participantes, ao vivo e nos cinemas. A banda parece estar muito disposta e já na segunda emendam "Got the Time", uma música do álbum “Persistence of Time”, de 1990. Joey Belladona, o carismático e original vocalista da banda, está de volta após 13 anos e parece o mesmo 'menino' de quando começou há 27 anos.

O show segue com "Indians" e "Mad House" e mostra que a banda continua coesa, rápida e sendo um dos grandes nomes do thrash-speed metal mundial. Quase no final do ‘set’, Scott Ian anuncia que a banda irá tocar uma canção em homenagem ao falecido cantor Ronnie James Dio, que mais tarde seria lembrado com bastante emoção e carinho pelos membros das outras bandas. "Heaven and Hell", ‘cover’ do Black Sabbath, é cantada em coro e mostra o quanto o saudoso Dio era querido pelos metaleiros fanáticos.

As quase 300 pessoas que estavam no cinema já davam sinais de que não seria uma tarefa fácil ficar sentado nas cadeiras e já começavam a levantar, a bater cabeça e levantar as mãos pra cima como se estivessem pessoalmente na pista do estádio em Sofia, e não sentados confortavelmente no cinema.

Contrariando a ordem divulgada pelo festival, a segunda banda a entrar no palco é o Megadeth, liderada pelo polêmico, por vezes arrogante e intragável, mas talentoso, Dave Mustaine.

O primeiro petardo é "Holy Wars. O show é basicamente o mesmo que foi apresentado esse ano em terras tupiniquins, a tour de celebração de 20 anos do aclamado álbum “Rust in Peace”. Na seqüência, a banda emenda com "Hangar 18" e o cinema vem abaixo, as pessoas cantam a letra, levantam das cadeiras, vão para perto da tela, chacoalham as cabeleiras.

Pronto, o cinema virou a extensão da pista do show. Em "Symphony of Destruction", a platéia prova porque o heavy metal é um estilo que jamais irá acabar. A lealdade dos fãs é impressionante, os quase 300 pagantes vão ao êxtase tamanha emoção de assistir ao show de tão longe, mas aparentemente tão perto! A banda encerra a apresentação e um Mustaine emocionando e com olhos marejados agradece às milhares de pessoas que assistem a banda pelo mundo e ao público presente na Bulgária.

Slayer sobe ao palco com "World Painted Blood",o décimo CD de estúdio da banda, e mostra a que veio. Brutalmente velozes, o quarteto de Los Angeles, capitaneado pelo guitarrista Kerry King, prova que é o maior nome do metal agressivo mundial. Os clássicos "Season in the Abyss", "War Ensemble,"South of Heaven" e "Mandatory Suicide" não poderiam faltar no repertório da banda e levam as pessoas ao delírio. As primeiras rodas são abertas dentro do cinema e a equipe de segurança começa a ficar preocupada pois certamente não estão acostumadas a lidar com metaleiros pulando, bangueando e pogando dentro do cinema!

"Raining Blood", um dos hinos da banda, é a última música do ‘set list’ e certamente faz honra ao título com o 'estrago' causado. A sala fica pequena para a platéia e o público delira com o quarteto de Los Angeles.

Antes dos caras do Metallica subirem ao palco e encerrar com chave de ouro esse momento histórico da música mundial, é mostrada uma entrevista bastante emotiva com os líderes de cada banda falando a respeito do lendário Ronnie James Dio. A impressão deixada é que o baixinho Dio na verdade era um gigante de coração imenso, muito querido pelos colegas de profissão e de estrada. Ian, Mustaine, King e Ulrich rasgaram elogios e lamentaram a imensa perda do vocalista, vítima de um câncer, no último 16 de maio.

É hora da atração mais esperada da noite, Metallica. A tradicional introdução levanta os quase 100 mil presentes no estádio e todos no cinema. "Creeping Death" abre o show e na seqüência "For whom the Bell Tolls" mostra porque o quarteto de São Francisco é a maior banda de metal de todos os tempos. O magnetismo que emana da voz e guitarra de James Hetfield é indescritível. Não há uma alma viva a esse ponto parada. É clássico atrás de clássico.

Pirotecnia, tanques de guerra, helicópteros, metralhadoras, fogos de artifício precedem "One", um dos pontos altos do show. O público já está em outra dimensão e o refrão é cantado como se fosse o último sopro dos pulmões. Realidade misturada com mágica são os sentimentos de quem assiste o show 'sentado' na poltrona.

"Enter Sandman", "Nothing Else Matters, "Fade to Black" são executadas com perfeição e sentimento pela banda. Não deixam vestígios nem pedra sobre pedra. James Hetfield agradece o público presente e os fãs do mundo todo, e chama ao palco o restante do Big Four, para tocarem "Am I Evil", dos veteranos ingleses do Diamond Head. Confraternização no palco, cada vocalista canta uma estrofe. Rusgas, mágoas e vaidade deixam lugar à união em prol do metal e dos fãs.

"Seek and Destroy", clássico de "Kill'em All", é a última música do show. O sentimento dos presentes no cinema e no festival é o mesmo. Felicidade, sorriso no rosto e a compreensão de que momentos como esse são únicos e que uma nova página na história foi escrita no dia de hoje. Parabéns a todos os envolvidos...

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