O mundo em geral, e o mundo dos filmes de horror em particular, mudou muito na última década. Todavia, o lendário cineasta de horror, Wes Craven, está de volta com “Pânico 4” , que o reúne com David Arquette, Neve Campbell e Courteney Cox, os astros/sobreviventes da trilogia “Pânico” original, lançada em 1996, retomada em 1997 e cujo último episódio saiu em 2000. O quarto filme da franquia estreia em 15 de abril nas telas brasileiras.
“Uma das maiores mudanças foi a ascensão das redes sociais”, diz Craven. “Os garotos estão se comunicando por mensagens de texto, tweets, e-mails e Facebook. Tudo gira em torno da Internet. Isso faz parte do que está acontecendo no mundo agora, que ainda não estava em plena força quando ‘Pânico 3’ saiu, e é algo que ‘Pânico 4’ trata. Além dos celulares, é claro. Esse aspecto de nossa cultura está muito presente no filme. O YouTube é outro exemplo –qualquer garoto pode fazer filmes e colocá-lo no YouTube. E (...) Justin Bieber.”
“E eu também diria que os filmes de horror mudaram muito. Foi uma década muito pesada (...) o que passou a ser chamado de ‘tortura pornô’. Eu não gosto de usar esse termo, mas foram muitos filmes sobre tortura, tormento ou pessoas sofrendo grande dor. E também tivemos muitas meninas fantasmas ou, como diz um personagem de ‘Pânico 4’, muitas refilmagens americanas ruins de histórias de fantasma japonesas.”
“Essas foram as coisas que se desenvolveram na última década”, diz o homem por trás de “Aniversário Macabro” (1972), “Quadrilha de Sádicos” (1977), “A Hora do Pesadelo” (1984) e muito mais. “E isso sem contar o número enorme de refilmagens e sequências, mas especialmente refilmagens, que agora são parte integrante da indústria cinematográfica.”
Sidney está de volta
Com lançamento previsto para 15 de abril, “Pânico 4” revisita a bucólica Woodsboro, onde Sidney (Campbell) – que sobreviveu por pouco aos três primeiros ataques do assassino Ghostface– chega à cidade em uma turnê de divulgação de livro. Dewey Riley (Arquette) ainda é o xerife e está casado com a ex-repórter intrépida Gale Weathers (Cox). Não demora muito para o assassino Ghostface atacar de novo, colocando em risco Sidney, Dewey e Gale, assim como uma nova leva de vítimas potenciais (Rory Culkin, Erik Knudsen, Hayden Panettiere, Emma Roberts).
“Eu acho que é basicamente isso, assim como o Gênesis é sobre o dilúvio”, diz Craven, confirmando a trama durante um telefonema de seu escritório em Los Angeles. “Mas o diabo está nos detalhes. Eu não vou preencher muitas lacunas, porque isso fica para as pessoas descobrirem quando assistirem ao filme. Até agora nós evitamos a divulgação de surpresas e que o roteiro vazasse na Internet, o que experimentamos nos ‘Pânicos’ anteriores.”
“Mas com certeza é sobre o retorno de Sidney à sua cidade natal, um lugar que ela tem evitado há muito tempo por causa dos fantasmas que existem lá. É sobre seu relacionamento com sua prima (Roberts), que é filha da irmã de sua mãe. Dewey e Gale estão casados e vivendo em Woodsboro. Quando Sid retorna, uma série de assassinatos tem início...”
Virgens morrem?
“Sim, virgens morrem”, diz Craven rindo. “Essa é apenas uma observação dos filmes feitos nos últimos 10 anos, especialmente os recentes. Há um avanço do cinismo, ou uma ruptura dos clichês, de que a inocência não garante que você sobreviverá como, digamos, ocorreu com Nancy em ‘A Hora do Pesadelo’. Sid sobreviveu aos três primeiros ‘Pânico’ por causa de um estilo de vida muito austero, mas isso não garante a sobrevivência no final deste filme.”
“Em geral, sem uso de mão pesada, é uma declaração de que todos estamos suscetíveis à violência na vida, não importa no que você acredite ou qual seja seu sistema moral. Basta estar no lugar errado na hora errada, às vezes, ou alguém botar os olhos em você, ou mesmo alguém se incomodar com sua inocência, transformando você em alvo, porque o mal odeia a inocência.”
Ele apreciou voltar ao universo de “Pânico”, acrescenta Craven. O elenco jovem o energizou e ele adorou trabalhar de novo com Arquette, Campbell e Cox, assim como com o roteirista/produtor Kevin Williamson e o chefão da Dimension Films, Bob Weinstein.
Anos atrás, Craven aproveitou “Pânico 2” para ter a oportunidade de dirigir o drama “Música do Coração” (1999), estrelado por Meryl Streep e com um elenco que contava com Angela Bassett e Gloria Estefan. “Pânico 4” foi concebido para lançar uma segunda trilogia. Se a fórmula mantiver o sucesso, Craven espera transformar “Pânico 5” em outro projeto de sonho que não envolva horror?
“Bem, eu acho que deveria ter feito essa proposta antes de assinar para este filme. Mas se eles forem bem, talvez aconteça de novo. O filme que virou ‘Música do Coração’ foi um atrativo oferecido pelos irmãos Weinstein quando me ofereceram um contrato de três filmes. Foram ‘Pânico 2’ e ‘3’ e aquele que viria a ser ‘Música do Coração’.”
“Veja, eu sempre amei fazer outros tipos de filme, mas também extraí algumas duras lições de ‘Música do Coração’. Foi o segundo filme mais bem cotado dentre os produzidos pelos Weinstein, mas tivemos dificuldade em atrair o público ao cinema, especialmente por causa do meu nome.”
7 de abr. de 2011
CINEMA \\ Uso de redes sociais estará presente em "Pânico 4", diz o diretor Wes Craven
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