No último domingo, dia 25 de Agosto, realizou-se mais uma edição do já entediante festival anual de premiações da igualmente entediante MTV estadunidense. Durante o evento, a crooner juvenil MILEY CYRUS apresentou-se fazendo gritante uso do recurso conhecido como playback, ou seja, pura e descarada dublagem [não que os demais artistas do elenco daquela noite tenham funcionado de modo muito distinto].
Foi no dia seguinte, comentando via Twitter a performance de Cyrus que o baixista e fundador da banda nova-iorquina KISS, GENE SIMMONS, chamou a atenção de um fã, de nome JASON, e que tem uma conta na mesma rede social sob o login @BaronToutenberg. Ao expressar seu desgosto por todo artista que faça uso de gravações em shows ao vivo, Simmons desencadeou uma série de ataques e acusações do mesmo ‘crime’ por parte de Jason, e o que segue abaixo é uma tradução do dialogo travado entre os dois:
@GeneSimmons: “Cyrus/VMA? Achei legal. Se outras cantoras rompem barreiras, por que não ela?... contudo, eu odeio dublagem de Karaokê seja por quem for.”
@BaronToutenberg: “Você fez uma turnê com o Mötley Crüe, trilhas pré-gravadas de vocais de fundo, assim como para o baixo e a guitarra, você é hipócrita? [trabalhei na equipe deles e tenho provas].”
@BaronToutenberg: “Quando você promoveu aquela turnê, você disse, SEM FITAS”
De fato, o vídeo abaixo, da coletiva de imprensa anunciando a turnê conjunta entre o Crüe e o Kiss, mostra Gene atacando artistas que fazem uso de gravações e dizendo que naquela turnê ‘não se permitiria cantores de karaokê’, e que isso ‘é coisa pra Rihanna’:
@BaronToutenberg: “Você tem sorte que ninguém [ainda] te processou pela turnê com o Mötley Crüe. Você disse ‘SEM FITAS’ ao promovê-la.”
@GeneSimmons: “...Nós somos o KISS. Nós tocamos música ao vivo. Ponto final.”
@BaronToutenberg: “Eis você aqui mentindo para os fãs do KISS. Você disse SEM FITAS naquela turnê...& o Mötley OBVIAMENTE as usou...” [nesse post, Jason linka o vídeo já anexado acima]
@GeneSimmons: “...Nossa banda se chama KISS. O que você quer provar? E você, é Barão?”
@BaronToutenberg: “Eu amo KISS, só estava imaginando por que você divulgou uma turnê e disse que o Mötley e o KISS não usariam fitas, quando o MÖTLEY as usou MUITO."
Após esse tweet, outro usuário, @Pabz_Barca1899, catalão radicado em Londres, interveio na arenga:
@Pabz_Barca1899: “Isso é o Mötley Crüe, você tem alguma prova de que o Kiss usa fitas de fundo?”
@BaronToutenberg: “O KISS usou fitas na turnê HOT IN THE SHADE, em BETH. Participação no [programa televisivo] Solid Gold nos anos 80, e em MUITOS outros shows. Está tudo no YouTube.”
@GeneSimmons: “...e você quer provar o quê, jovem? Problema com outra banda? Mande os emails devidos para ELES. Eu estou numa banda chamada KISS.”
Depois desse último Tweet, Gene bloqueou Jason, e o assunto tem se prolongado nos fóruns da web [fã de KISS choramingando? Ah vá!?!] . Com a discussão estendida ao MÖTLEY CRÜE, tanto Jason como Simmons estão provavelmente certos.
Quem estava no show da banda no Brasil em 2011 deve ter percebido. Havia um canal aberto com vocais de fundo o tempo todo [o que se faz bastante compreensível, já que seria impossível reproduzir o refrão de músicas como ‘Wild Side’, ‘Girls Girls Girls’ e ‘Kickstart My Heart’ sem outras vocalistas no palco, e sairia caro excursionar com duas ou três fora dos EUA dada a relação custo benefício -não são tantas músicas assim que necessitam dessa sorte de artifício].
Quanto ao baixo de Nikki, se alguém tiver um vídeo do show, pode ver que na primeira faixa, “Wild Side”, há problemas com o microfone de Nikki [ele demonstra bastante irritação com isso], mas o refrão come solto mesmo assim. Este autor e alguns amigos, bem próximos do palco no lado de Sixx, pudemos perceber que na introdução de ‘Primal Scream’, o que ele fazia no instrumento e o que saía no PA eram suspeitamente distintos.
Ainda assim, numa época de pré-sets e afinadores computadorizados, já é regra que uma banda de maior porte fique presa a certas regras ditadas pela programação de sequenciadores e clocks, o que às vezes pode resultar em erros honestos, como ocorreu com o baterista do Mötley Crüe, TOMMY LEE e seu piano à execução de “Home Sweet Home”, em Moscou, ainda em junho do ano passado [atenção para a marca de 1’50”].