Durante 100 minutos, a pólvora falou tão alto quanto os decibéis do Rammstein em São Paulo. O sexteto alemão de rock industrial fez, nesta terça (30), sua segunda apresentação na cidade. Apoteóticos como nunca, barulhentos como sempre, o grupo apresentou a um Via Funchal completamente lotado um espetáculo pirotécnico e performático ainda raro por aqui.
O atraso de 20 minutos no íncio da apresentação do Rammstein foi esquecida em poucos segundos, assim que as luzes se apagaram. A cortina preta que escondia todo o palco caiu de repente, apenas para revelar uma outra, esta preta e vermelha. Uma explosão de fogos finalmente mostrou o palco e Rammlied, faixa de abertura do último CD da banda, Liebe Ist Für Alle Da, deu ínicio à noite.
Em linhas gerais, o repertório apresentado pelo Rammstein não teve grandes surpresas. O grupo não reservou tratamento especial ao público brasileiro. E se isso por um lado soa frio, em se tratando de uma banda que fez sua única apresentação por aqui há mais de 10 anos, por outro demonstra grande profissionalismo, já que o show dessa noite contou com absolutamente todos os recursos e efeitos que o grupo leva em suas turnês europeias.
Mas a proposta da banda é exatamente essa. O Rammstein não faz um show mutante, a dinâmica não se altera, e o repertório não varia de acordo com a reação do público. A relação dos músicos com a plateia é mais simples: no palco, eles entretem. E na plateia eles gritam.
O motivo é bastante simples. O palco do Rammstein é uma bomba incendiária. Existem canhões de fogo e fogos de artíficio pra todos os lados. Os músicos constantemente colocam peças de roupas que pegam fogo e soltam faíscas. Tudo é muito ensaiado e preciso. Tem que ser. Um passo em falso e alguem pode se queimar feio.
E foi exatamente isso que o grupo apresentou nesta terça e volta a apresentar nesta quarta em São Paulo. Musicalmente, ainda que com um repertório rígido, não faltaram as músicas que todo mundo queria ouvir. Ainda que privilegiasse o último álbum, o show contou com sucessos dos outros cinco discos: Herzeleid, Sehnsucht, Mutter, Reise Reise e Rosenrot.
Embromation em alemão
É difícil saber que tipo de reação o Rammstein esperava do público brasileiro. Mas é quase impossível que eles não tenham se surpreendido com a capacidade de seus fãs nacionais de cantar em uníssono suas músicas. Os fãs não fizeram feio e acompanharam em coro diversas canções, das mais antigas como Du Riechst So Gut e Du Hast a mais recentes como Rammlied e Waidmanns Heil.
Pode ter sido apenas "embromation", mas enganou bem. Já nas canções poliglotas como Frühling In Paris, com um trecho em francês, Pussy, cujo refrão é em inglês e Te Quiero Puta, em espanhol - e que encerrou a noite -, a coisa ficou realmente bonita.
Till x Flake
Se o vocalista Till Lindemann é o protagonista da noite, o tecladista Flake Lorenz, cérebro musical do Rammstein, é seu antagonista. Durante todo o show, os dois trocam provocações, ofendem-se com gestos, e são os grandes responsáveis pela parte dramática do espetáculo.
Se em algum momento Lorenz rouba totalmente a cena é em Haifisch - que significa "tubarão". No intervalo, o tecladista sobe em um bote e navega pela plateia.
Tudo bastante teatral, e combinando bastante com o espetáculo. Lindemann, por exemplo, mal falou com o público. Durante as 12 primeiras canções não dirigiu a palavra uma vez sequer aos fãs. Nada de jargões como "boa noite São Paulo" ou "É muito bom estar aqui". A primeira intervenção veio, em espanhol, durante Du Hast quando pediu que a plateia cantasse "más fuerte".
Depois disso, Lindemann voltou a falar apenas antes do bis quando soltou um "obrigado". A última e maior intervenção se deu no fiim da apresentação com um "muito, muito obrigado. Viva o Brasil."
Confira o set list do show:
Rammlied
B******
Waidmanns Heil
Keine Lust
Weisses Fleisch
Feuer Frei
Wiener Blut
Frühling In Paris
Ich Tu Dir Weh
Du Riechst So Gut
Benzin
Links 234
Du Hast
Pussy
Bis:
Sonne
Haifisch
Ich Will
Te Quiero Puta
1 de dez. de 2010
Rammstein no Brasil \\ Banda incendeia, literalmente, público em SP
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