www.diariodorock.com.br: Aerosmith no Brasil \\ Resenha do show de Sampa
"Satan laughs as you eternally rot!"

29 de mai. de 2010

Aerosmith no Brasil \\ Resenha do show de Sampa


Steven Tyler, o maior vocalista do mundo. Foi assim que definiu, com entusiasmo, Joe Perry ao apresentar o cantor do Aerosmith ao final do show em São Paulo. O guitarrista, que no ano passado anunciou sua busca a um novo parceiro para assumir o microfone, parece satisfeito em não ter perdido seu companheiro de mais de 40 anos de banda. Se a declaração serviu ainda como um incentivo a Tyler, que queria se concentrar em projetos solos, juntos eles estão aparentemente longe dos colapsos que quase implodiram o Aerosmith em 2009.

E não é só Tyler e Perry que parecem satisfeitos em dividir o mesmo palco. Brad Whitford, Joey Kramer e Tom Hamilton também estão fortes e unidos. Há quem continue ressabiado sobre o futuro da banda que tem sido colocado em cheque, mas as mais de 35 mil pessoas reunidas na noite deste sábado (29) no estádio Palestra Itália podem suspirar aliviadas por terem visto, nesse último show da turnê no Brasil, o quinteto de Boston ainda de pé, sabe-se lá por quanto tempo.

Essa incerteza bate quando, antes do início do show, a voz de Bob Dylan sai das caixas de som cantando que "todos devem ficar chapados", no refrão de "Rainy Day Woman #35". A referência direta ao histórico da banda --de envolvimentos com drogas que culminaram no apelido de "Gêmeos Tóxicos" a Tyler e Perry-- é irônica ao lembrar que o vocalista estava há poucos meses em uma clínica de reabilitação. Mas soa como piada quando Tyler entra cantando "Eat The Rich", um dos singles de "Get a Grip", de 1993.

Se "Cocked, Locked, Ready to Rock" é a turnê de sobrevida do Aerosmith e pouco inova no repertório --eles estão sem lançar disco de estúdio desde 2004--, a banda mostra que tem clássicos trabalhados nestas quatro décadas capazes de segurar um show de 2h03 de duração. Diferente das últimas apresentações dessa turnê, que passou por Porto Alege na quinta-feira (27), eles trouxeram "Back in the Saddle" (1976), intercalaram com "Kings and Queens" (1978) e encerraram com "Toys In The Attic" (1975), um trio setentista que surpreendeu os fãs mais novos numa plateia de múltiplas gerações.

A primeira hora da apresentação prendeu o público nos sucessos. De "Love In an Elevator", do consagrado álbum de 1989, "Pump", à balda hard rock de amor infeliz "Falling In Love (Is So Hard On The Knees)", passando por "Dream On" (que, na falta de isqueiros, a banda ofereceu um fogaréu no telão), "Livin' On The Edge", "Jaded" e a dobradinha "Crazy" e "Cryin'". Para a turminha mais jovem faltaram as açucaradas "Hole In My Soul" e "I Don?t Want To Miss A Thing", tema do filme "Armageddon", mas a banda compensou com "Pink".

A segunda parte do show, claramente dividida por um solo de bateria de Joey Kramer, sem grandes virtuosismos, passou mais arrastada. Houve uma longa conversa entre as guitarras de Perry e Whitford em "Lord Of The Thighs" e uma curta apresentação do baixista Hamilton na introdução de "Sweet Emotion". Momento alto da noite, "What It Takes" começou com Tyler cantando a capela e cedendo as primeiras estrofes da música ao coro do público.

O extravagante Steven Tyler ainda é o rosto principal do Aerosmith. Cheio de poses e com a garganta afiada, faz caras e bocas para as câmeras, rebola com uma diva elástica e rodopia com o pedestal do microfone coberto por lenços. Mas agora, mais do que nunca, Joe Perry com seu arsenal de guitarras é quem ocupa o posto de astro.

Com solos irresistíveis, Perry duela com seu alter-ego do "Guitar Hero" para mostrar "quem é o melhor ao vivo", usa uma Gretsch de dois braços em "Livin' On the Edge" e solta a voz no blues "Stop Messin' Around", do Fleetwood Mac. É o mesmo a quem Tyler chamou, ao final do show, de Joe "Fucking" Perry e reverenciou em "Draw The Line".

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