Em turnê de divulgação do seu segundo álbum solo, “Mentalize”, Andre foi surpreendido por uma proposta da Orquestra Contemporânea do Ceará: por que não tocarem algumas músicas juntos? Assim, enquanto o sol já nascia à beira da praia onde o palco estava montado, os fãs presenciaram um concerto único, iniciado com um medley de músicas que marcaram a carreira de Andre (entre as quais “Holy Land”, “Carry On”, “Moonlight”, “Lisbon” e “Fairytale”). Em seguida, a banda e a orquestra executaram as canções “Time to be Free”, “Back to You” e “Face the End”, que já se destacam na discografia solo do vocalista.
Já tem alguns anos que você gravou seu último DVD, foi na época do Shaman ainda [em 2003, Andre gravou o DVD ao vivo RituAlive com o Shaman]. Como você decidiu que essa era a hora certa de gravar mais um DVD?
"Esse DVD, a gente já vem há mais de um ano coletando imagens. Culminou com esse show aqui porque era uma situação especial, com a orquestra sinfônica, nesse lugar, na beira do mar, na praia... Isso é uma coisa que valoriza a banda brasileira quando as imagens vão pra fora do Brasil. Esse show talvez não esteja integralmente no DVD, ele vai fazer parte do DVD, vai ser boa parte do DVD, a gente fez umas imagens muito boas hoje e os arranjos da orquestra ficaram muito bons. Então, juntando-se a isso todas as imagens que a gente vem coletando desde o início da carreira solo, desde 2006, até agora – e talvez mais algumas à frente, juntando o que a gente ainda vai fazer em relação ao Mentalize na Europa e no Japão – vai completar o material todo do DVD".
Já tem alguma previsão de lançamento?
"Vai depender muito de como vai se desenrolar essa turnê do 'Mentalize' e do quanto a gente ainda vai coletar de imagens por aí. Mas eu imagino que a gente deva ter tudo mais ou menos pronto a partir do meio do ano, 2010, até agosto de 2010, a gente já vai ter feito a maior parte dos shows fora do Brasil. Então obviamente esse material aqui (de Fortaleza) vai ficar guardado e a gente deve dar um certo destaque a isso".
O show de hoje vai ser o único feito com orquestra para o DVD?
"Por enquanto, sim, não temos mais nada agendado em termos de orquestra. Eu fiquei muito contente com essa iniciativa, com essa homenagem, com esse esforço do maestro Alfredo e também dos músicos, dos arranjadores, que é algo inusitado, acho que é a primeira vez que uma banda brasileira realiza uma façanha dessas, já vi bandas internacionais fazendo isso. Era um sonho antigo que eu tinha, espero que seja a primeira de muitas. Inclusive combinei com o pessoal que eu gostaria muito de repetir isso com eles, talvez não apenas aqui em Fortaleza, mas levar isso a outros lugares.
Como foi a escolha do repertório que ia ser tocado com a orquestra hoje? [Andre Matos e a Orquestra Contemporânea do Ceará tocaram juntos as músicas "Time to be Free", "Back to You" e "Face the End", além de um medley com algumas das músicas que marcaram a carreira do vocalista]
"Como a gente não tinha muito tempo pra decidir o repertório, pra ensaiar e pra fazer os arranjos, a gente acabou escolhendo três músicas que têm um caráter mais sinfônico. Mas a abertura, que foi um medley com várias músicas da minha carreira, isso foi uma iniciativa deles mesmos. Foi uma surpresa, cheguei no ensaio e eles mostraram. Fiquei muito emocionado com essa homenagem, ver essa galera toda, jovem, tocando com empenho, gostando do que tão fazendo e respeitando a música que a gente faz como uma música de qualidade. Pra mim, é uma grande satisfação".
Como você falou, muitas bandas internacionais de rock já gravaram DVDs sinfônicos, com orquestra, como Aerosmith, Metallica, Scorpions... Você tem algum preferido nessa linha?
"Deep Purple, que ali é bem feito (risos). Sem nenhuma pretensão, mas eu diria que, na maioria das vezes em que uma banda de rock grava com uma orquestra, eles se limitam a fazer arranjos muito básicos pras músicas, coisas muito elementares. Eu geralmente não gosto muito quando os arranjos não acrescentam algo às músicas. E não foi o caso hoje aqui, o que eu achei interessante dos arranjos que eles trabalharam é que trouxeram algo a mais às músicas, colocaram algo que não existiam nas músicas. Aí acho que valeu muito a pena, dá um upgrade no que você já fez. Porque colocar a orquestra como um acompanhamento, como se fosse simplesmente um sampler tocando uma sequência, um computador tocando, aí não tem o menor sentido: apenas pra mostrar que está tocando com uma orquestra? Desmerece tanto a banda quanto a orquestra, é preciso explorar todas as possibilidades que isso te dá. E foi isso que eu gostei nesse trabalho que foi feito hoje aqui".
Você também mencionou que uma das influências recentes que você tinha incorporado era o Rammstein, apesar de ser uma sonoridade bem diferente da sua. E na música erudita, quais são suas influências?
"É muito difícil responder essa pergunta, porque não existe um só compositor na música erudita. A gente tá falando de um período que abrange 500 anos, praticamente. Então, dentro de cada período musical, existem os favoritos, aqueles que são famosos, os que são mais desconhecidos, mas não menos importantes. Eu taria sendo injusto se eu desse um nome só, 'gosto desse compositor ou daquele'. Obviamente, pra quem quer se iniciar na música, a recomendação básica é sempre o trio Bach, Mozart e Beethoven, porque, a partir daí, você percorre um grande caminho já. Na verdade, existe uma frase que diz assim: 'A gente só gosta daquilo que a gente conhece'. Então, é bom começar a conhecer. Bach é muito fácil de conhecer, pra quem gosta de rock, porque é uma música ritmada. E ele é muito matemático, é muito lógica, a composição do Bach – ao mesmo tempo, muito genial. Se você sair do Bach e entrar Mozart, já é uma boa continuação. Do Mozart pro Beethoven, melhor ainda, porque já vem a parte mais pesada da música clássica. E, a partir daí, você tá livre pra escolher o que você gostar mais, desde Wagner, Chopin, Debussy, Brahms... Por aí vai, tem milhões de coisas. Eu gosto muito de vários compositores, eu taria sendo injusto se desse um só nome. Acho que cada um, no seu período, foi muito importante. Tem alguns que nem são tão conhecidos e que eu acho muito bons".
Você prefere algum período específico?
"Não. Mas eu tenho um interesse particular pela música da Renascença. Ela é menos difundida, mas tem nuances que são, assim, muito especiais, muito diferentes. E, se a gente ouvir hoje em dia, a gente consegue enquadrar isso dentro da música que se faz hoje também".
Ainda falando de estilos, o heavy metal costuma ser dividido em vários subgêneros. O que você pensa da denominação metal melódico?
"É que nem você falar assim pra uma banda emo: 'Vocês são emo?' Eles: 'Não, a gente é hardcore'. Então, é meio relativo, esse papo de metal melódico, sim ou não, somos heavy metal, somos metal melódico... Quem quiser chamar de metal melódico que chame, então, tudo bem. É que o 'metal melódico' ficou caracterizado por aquela coisa extremamente alegre, aquela fase do Helloween, em que as músicas eram rápidas e com muita melodia. Nem sempre a gente faz isso. Tem partes das nossas músicas são assim, de fato. Tem partes que vão lembrar o Iron Maiden, tem partes que vão lembrar mais Judas Priest, tem partes que lembram mais o thrash metal, até mesmo progressivo... Depende do momento. É difícil caracterizar nossa música somente como metal melódico, mas eu diria que existe metal melódico nela. Se você for olhar de uma forma generalizada, sim, é metal melódico, porque é metal e tem melodia. Então, a nossa música não se caracteriza pelo vocal gutural, por exemplo, que é caracterizado pela ausência de melodia, muitas vezes. A gente procura privilegiar melodias, sim, tanto na voz quanto na instrumentação. Nesse aspecto, pode-se dizer que o metal é melódico, mas eu não gostaria de ser rotulado como metal melódico".
E seus projetos paralelos, como andam?
"Eu tô participando do novo [álbum] do Avantasia agora. Não sei quando vai sair, mas tá sendo gravado. Talvez até seja lançado junto com uma nova turnê, a gente não sabe ainda. O Virgo ainda tá na geladeira, ainda tá esperando a hora certa de ser gravado, ser lançado, mas a gente tem vontade de fazer. Por enquanto, de projeto paralelo, seria isso".
Comentários: Goste dele ou não, uma coisa temos que concordar: André Matos é um de nossos DEFENDERS OF THE FAITH, por ser um cara que nunca desistiu do Metal.
Temos que valorizar músicos deste gabarito. Ele é GENTE QUE FAZ!
A MÍDIA IMBECIL que somos obrigados a acompanhar, nunca menciona André Matos entre os grandes músicos brasileiros, ao contrário, ficam sempre "endeuzando" dementes como Carlinhos Brown.
Sad but true!
27 de dez. de 2009
Gente que Faz \\ André Matos grava DVD com orquestra
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